27 fevereiro 2019

Tobby


                         
                         


Meu cachorrinho dorme aqui ao meu lado. Presto atenção ao seu respirar sossegado, de puro descansar junto ao seu companheiro humano.  Às vezes ele até dorme em minha cama e, de tanto observá-lo, percebo que temos muitas coisas em comum.  Eu respiro, ele respira.  Ele tem dois olhos, iguais aos meus, com certeza mais atentos a tudo mas, como se sabe, sem as mesmas cores que vejo em profusão.  Seu olfato é mais acurado e isso lhe dá vantagens em diversos quesitos.  Ele tem ouvidos mais sensíveis e alguém dirá que, apesar  disso, não tem sentimentos para a música... quem garante ?  Ele se alimenta e eu também, ele adora pão com manteira, eu menos que ele até. Ele tem língua, dentes, pelos, um estômago, bexiga, rins... um coração ! Ele urina, defeca, fica enjoado, tem dor de barriga, tudo igual a mim. Ele é meio tolinho, disso não duvido, mas o seu companheiro, Picasso, é muito mais esperto e até penso que só falta falar. Então, como nós, alguns cães são mais inteligentes que outros, alguns são mais dóceis que outros.   Se somos tão parecidos em tudo, exceto na aparência física, com certeza absoluta viemos de uma mesma forma ancestral, sabe-se lá em que milênio da história terrestre... De alguma maneira somos filhos de uma mesma forma no passado que, em certo momento, teve mutações e cada um seguiu para seu lado. Mas o cachorro, apesar de tudo, permaneceu junto do homem, por comodidade ou por afinidade. Afinal, somos irmãos, vindos de uma mesma fonte.  Neste mundo, os cães, como muitos outros animais, são nossos irmãos.  No dia em que todos os homens perceberem isso e passarem a tratar esses seres como irmãos, semelhantes vindos de uma matriz comum, talvez o tão decantado "eden" ressurja entre nós. Enquanto esse dia não chega, eu e meu Tobby temos nosso paraíso particular, aqui em casa mesmo.  Eu me entristeço sem ele, ele fica triste sem mim.           


Paulo José da Costa/26.02.2019
Curitiba

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